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"ENCONTRO NACIONAL DE CATIRA"

onde os grupos de catira se apresentam com o objetivo de mostrar essa dança brasileira de influências lusitana, espanhola e africana que misturada as nossas raízes indígenas se transformou nesse legítimo sapateado brasileiro.

Cultura brasileira junto as Manifestações Populares


domingo, 28 de março de 2010

Influências do mundo na música brasileira

Pesquisa em Danças Brasileiras
Rio Claro - São Paulo
(Brasil)

Caroline de Miranda Borges



Resumo
          No imenso território brasileiro as manifestações populares se caracterizam como trágicas no norte, no nordeste dolente e lânguido mais africano, no litoral central um toque de cosmopolitismo e no sul tal como o tango e a rancheira, há um tom mais soberbo e sensual. Porém um ritmo sincopado é constante e característico na música brasileira. Tantas influências vinham e vêm ainda ornar essa raça nascente brasileira. Rara também e muito misturada que desde logo mostrou forte musicalidade e grande propensão a criatividade. Segundo alguns estudiosos, nós brasileiros somos como canários: nascemos músicos. Nossos melhores frutos estão no seio do povo mais simples, sem estudo, sem cultura erudita. A terra Brasil sem a cultura musical do velho mundo cria música nativa que está entre as mais belas e mais ricas do mundo.
          Unitermos: Cultura popular brasileira. Dança brasileira. Manifestações populares. Ritmos brasileiros
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010

O objetivo desse artigo é mostrar as possíveis influências musicais do mundo na música brasileira desde os primórdios do descobrimento até os dias de hoje.
    A música na sua essência é composta da arte de combinar ritmo, som e emoções.
    O ritmo é a criação estética que regula as relações de duração dos sons musicais, compreende em ritmo puro ou mecânico que é apenas movimento simétrico que assinala a música-obra. O ritmo também pode ser estético que é a harmoniosa correlação dos fenômenos que despertam a impressão do belo. Essa impressão agradável é na música a ordem dos sons, assim como é na pintura a ordem das cores. Além desses dois tipos de ritmos temos o expressivo, algo indefinível que completa o belo que assinala a música-arte. Ritmo então é mais que uma mera ordem simétrica de movimentos, constitui com a harmonia o fator essencial da música, regulando a sucessão dos tempos do compasso e agrupando seus valores em motivos, frases, períodos, etc. dando finalmente a composição musical o seu caráter intrínseco, para exprimir sentimentos, tais como: instabilidade, agitação, solenidade, lassidão ou quietude.
    Hoje vamos contar a história e descobertas pelo mundo de ritmos e de culturas musicais que influenciaram a música popular brasileira. Nossa música sempre recebeu influência da mídia na disseminação de estilos e sons, que nem sempre estão voltados á qualidade, mas sim ao que é rentável.
    Desde os primórdios anos do descobrimento do Brasil, a tríplice influência das nações africanas, européia e indígena local, nos traz traços marcantes como o afro-indígena herdados dos índios e negros que cujo ritmo criva a linha melódica trêfega com seus incisos breves e pequenos intervalos, a frisante riqueza e singular agrestia do acompanhamento, e sobre tudo a nota de melancolia e languidez das tonalidades. Muito dessas formas musicais continuam vivas nas manifestações populares, tais como na catira ou cateretê, os coloquinhos, congados, maracatus, batuques, jongos, lundus, emboladas, etc. Já a influência européia evidencia-se mais a influência portuguesa e espanhola. De Portugal herdamos os reisados, os pastoris, as cheganças, o bumba-meu-boi, e principalmente a modinha. Já a influência espanhola refletiu-se de forma mais indireta, através dos fandangos, boleros, tangos e outros.
    No imenso território brasileiro as manifestações populares se caracterizam como trágicas no norte, no nordeste dolente e lânguido mais africano, no litoral central um toque de cosmopolitismo e no sul tal como o tango e a rancheira, há um tom mais soberbo e sensual. Porém um ritmo sincopado é constante e característico na música brasileira.
    Tantas influências vinham e vêm ainda ornar essa raça nascente brasileira. Rara também e muito misturada que desde logo mostrou forte musicalidade e grande propensão a criatividade. Segundo alguns estudiosos, nós brasileiros somos como canários: nascemos músicos. Nossos melhores frutos estão no seio do povo mais simples, sem estudo, sem cultura erudita. A terra Brasil sem a cultura musical do velho mundo cria música nativa que está entre as mais belas e mais ricas do mundo.
    Quando nos referimos à qualidade musical, falamos de letra e musicalidade. Uma das raízes musicais do ritmo brasileiro é o blues, oriundos dos cantos e danças africanas trazidas pelos descendentes da arte do GRIOT identificados como trovadores e contadores de histórias. O Blues afro-americano, característico principalmente do sul dos Estados Unidos, de escravos das plantações de algodão que usavam o canto para embalar suas jornadas de trabalho, é evidente tanto em seu ritmo, sensual e vigoroso, quanto na simplicidade de suas poesias que basicamente tratavam de aspectos populares típicos como religião, amor, sexo, traição e trabalho. Porém o conceito de "blues" só se tornou conhecido após o término da guerra civil quando sua essência passou a ser como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Era um modo mais pessoal e melancólico de expressar seus sofrimentos, angústias e tristezas.
    Misturando o som melancólico do blues com a sanfona nordestina embalada pela zabumba, pandeiro e triângulos, descobre-se então uma nova influência dita agora européia. Devido aos bailes promovidos pelos construtores das ferrovias onde todos podiam participar sem distinção de classe social ou raça, homens ou mulheres, segundo estudiosos, a palavra forró quer dizer “For All” isso é, para todos em inglês.
    Há ainda as formas nitidamente autóctones do maxixe que veio a influenciar o samba urbano e rural com acentuadas influências africanas. O maxixe considerado o primeiro tipo de dança urbana brasileira, divulgada com bastante sucesso na Europa no princípio do século XX, resultou da mistura de vários elementos diferentes tais como: a habanera, a polca e o lundu. Essa dança recebeu esse nome em substituição ao “tango” Sua influência vem do final do século XIX e como é citado por estudiosos
“O tango é um pensamento triste que se pode dançar”
    Considerado nome impróprio e de origem platina, mas como o objetivo de levar sua admissão nos salões de onde fora repudiado como imoral, por ser dançado até então por profissionais em cabarés. A fixação e adaptação do maxixe, da sincopa africana ao nosso ritmo popular se deve, a obras em piano e também a peças cantadas de forma ainda mais popular da segunda metade do século XIX, e se impôs até a década de 1920-30, quando esse então cedeu lugar ao samba, a que transmitiu várias características ritmo melódicas.
    O samba é a dança brasileira mais popular de origem batuqueira oriunda dos africanos e cuja área se estende do Maranhão a São Paulo, com modalidades e coreografias diversas identificadas como coco, baião, jongo e alcança sua plenitude rítmica no Rio de Janeiro, onde é cultivado sobre tudo pelas escolas de samba, destacando-se nos períodos do Carnaval – Fevereiro a Março. O carnaval é a maior festa popular brasileira que antecede à Quaresma (festa católica que encena a morte e ressurreição de Cristo), trazidas pelas influências do velho mundo pelos blocos de rua e festas à fantasia e máscaras nos salões deve-se ressaltar a grandes influências dos carnavais de Nice (França), Florença (Itália), Veneza (Itália portuária), Nápoles (Itália Meridional), Colônia (Alemanha) e Nova Orleans (EUA).
    O samba com seus ritmos e coreografias diversas criou-se subdivisões específicas com características intrínsecas e muito diversificadas. Destacam-se:
    No ritmo coco, muito comum nos estados do norte e nordeste brasileiro, os dançarinos formam uma roda, girando e batendo palmas com o acompanhamento de pífaros e percussão. Muito encontrada no litoral e sertões nordestinos, contém influência africana, porém a sua disposição coreográfica coincide com a dos bailados indígenas, especialmente tupis. É comum a roda de homens e mulheres alternados com um solista no centro, dançando até ser substituído por outro, depois de uma umbigada. A dança inclui palmas, sapateados e algumas formas características, como o travessão, cavalo-manco, tropel-repartido e sete-e-meio. Existe uma grande variedade para o coco: coco-do-sertão, coco-de-roda, coco-de-praia. Mas sua coreografia é muito próxima uma da outra.
    No ritmo baião, muito difundida no nordeste brasileiro durante o século XIX, a partir de 1946 assume importância nacional e internacional como dança propriamente, ligada ao épico dos cangaceiros e ao ciclo do couro. É uma dança de pares, executada em todo o interior nordestino, às vezes formando roda, com sapateados, palmas, umbigadas, meneios e estalar de dedos substituindo castanholas influência espanhola, que de forma muito simplificada invadiu os salões e shows pelo país.
    No ritmo jongo ou tambu, dança negra, violenta, com giros e passos deslizantes pertence à família das batucadas e das rodas de samba, é muito difundida no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. São famosas nas cerimônias religiosas chamadas de danças de origem africana: os candomblés (Bahia), xangôs (Pernambuco, Alagoas e Paraíba), tambor-de-mina (Maranhão), babaçuçuê (Pará). Nelas os orixás, divindades do fetichismo afro-brasileiro se manifestam por meio dos iniciados, chamados de filhos-de-santo. As cerimônias se iniciam com uma dança geral dos praticantes da magia. O ritmo intenso dos tambores produz crescente amortecimento da consciência que devido aos intensos giros os dançarinos ficam tontos e baixam a excitação nervosa. Repentinamente depois desses intensos giros uma ou outra das filhas-de-santo cai em convulsões. É levada para a camarinha, onde é vestida com o traje característico do santo que conforme relatos dos praticantes é nessa hora o santo “tomou posse dela”. Volta então à sala para dançar. Assim acontece com outros médiuns, homens ou mulheres. A dança se constitui de mímica característica do santo personificado, contorções, movimentos, passos e trejeitos violentos. Mesmo alguns assistentes mais fracos, “caem no santo”. Essas cerimônias têm sido teatralizadas, algumas com fidelidade, como nas realizadas por bailarinos famosos como Katherine Dunham.
    Com a influência espanhola a dança brasileira e seus ritmos seguem um passo mais ligado às características do sapateado, requebros e palmeados.
    Destaca-se a chula nordestina oriunda do antigo lundu: dança lasciva, com sapateios ritmados, incluindo umbigadas africadas e estalar dos dedos ibéricos. No interior de São Paulo, Minas Gerias e Goiás destaca-se o cateretê ou catira com sapateado ritmado, coreografado em fileiras e acrescido de palmeado coordenado, muito rico em diversidade, criatividade e arte. Os bailarinos se preocupam com a agilidade, coordenação e conjunto. Existem grupos com características diversificadas em toda região, alguns mais tradicionalistas, com ritmos mais lentos e tons mais baixos sempre acompanhados da viola caipira. Outros mais ágeis, com coreografias trançadas, pés mais altos como os sapateados irlandeses.
    O carimbó, da Ilha de Marajó é uma dança solista também oriundo do lundu, mas sem acompanhamento de canto. A bailarina executa simplesmente um amplo e sereno rebolar das cadeiras, permanecendo no mesmo lugar ou circulando lentamente num espaço de cerca de dois metros quadrados.
    A dança de São Gonçalo é uma influência típica lusitana, é feita em geral para se pagar uma promessa ao santo protetor das solteironas. Depois de rezada a ladainha em frente a um altar muito enfeitado, se passa a dança dos arcos, de ritmo mais lento. Esses arcos são muito coloridos, enfeitados de flores onde os dançarinos fazem evoluções e desenhos mais elaborados entre si e com os arcos, orientados por um guia ou marcante.
    O Bumba-meu-boi é mais interessante pelo enredo do que pela dança em si. Trata-se de uma série de quadros, com personagens tradicionais, ligados por figuras principais: o boi, o cavalo-marinho, o capitão, arlequim, Mateus, Bastião, calu e outros.
    Termina com a morte e ressurreição do boi, que é a figura central. Essas representações são realizadas no nordeste brasileiro na época do natal sempre mascarados os dançarinos usam trajes grotescos e cômicos e desfilam pelas ruas cantando versos de sátiras picarescas e muito engenhosas.
    Os reisados, também de forte influência lusitana, chamados de ranchos, ternos ou folias de reis usam de trajes coloridos e originais. Festejam o Natal e o Dia de Reis, com cantos e danças de enredos ridos em pequenos atos encadeados ou não. A apresentação é toda cantada e dialogada, sendo a dança episódica. Também faz parte dessa manifestação as chamadas cheganças, danças mais dramáticas, relembrando as guerras de cristãos e mouros.
    Têm origem moura e são dançados em Minas Gerais, São Paulo e Amazônia mais conhecida como: marujos, marujada, barca, fandango, nau-cararineta.
    Os chamados caboclinhos ou cabocolinhos é uma das danças mais interessante dessa região centro-sul brasileira, são grupos fantasiados de indígenas que aparecem durante o carnaval. Executam um bailado ritmado em binário, ao som de pancadas das flechas nos arcos, fingindo ataques e defesas, em evoluções de filas e de rodas, com um solista ou cacique. Os passos são em número reduzido: abaixa e levanta e troca de pés. Pertencem ao pequeno grupo de danças com reminiscências ameríndias tais como caiapós, dança dos pajés, dança dos tapuios, caboclos e tapuiadas, de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
    Os congos são autos brasileiros de origem africana, assim como as congadas de Minas Gerais e São Paulo. O tema essencial é a embaixada enviada pela guerreira rainha Ginga a um potentado negro. As danças imitam lutas, com movimentos de armas e cantigas de excitação. O mesmo modo são os cucumbis baianos. Os reis do Congo são coroados nas igrejas com grande cerimonial, seguido por danças e cantos. Neles há o sincretismo religioso e social comuns a outros itens afro-brasileiros culturais.
    O maracatu é mais um préstito que uma dança, sendo a única dançarina propriamente dita a “Dama do Paço” que conduz um boneco denominado calunga. É um vestígio dos séquitos dos antigos reis do Congo. O grupo tem sempre o nome de Nação e segundo o rei e a rainha vêm príncipes, damas, embaixadores, dançarinas e indígenas com belos e custosos trajes.
    O nordeste brasileiro é a região mais farta em manifestações populares do país. Sua variedade de danças, músicas e tipos humanos é imensa. Uma das danças mais populares e mais rica em coreografia e performance é o frevo.
    O frevo pernambucano é considerado uma das danças mais difíceis e que mais exige preparo físico e alongamento do mundo. A sua variedade de passos característicos, como parafuso, dobradiça, urubu-malandro, folha-seca, chá-de-barriguinha, tesoura, dentre outros... dominados pelos bailarinos que citam mais de 30 passos diferentes. Cada um tem repertório e estilo próprios e a dança é sempre improvisada. Homens e mulheres em verdadeiras multidões movediças dançam nas ruas e salões. Frevo vem de fervura, seu reinado é o carnaval e seu motivo é apenas a alegria de movimentos e de ritmos. É abstrata, harmônica, solista e extremamente ginástica. O rápido andamento (2/4 sincopado) e o intrincado da coreografia tornam-na de difícil execução, fazendo famosos dançarinos, os passistas, que às vezes se munem de um chapéu-de-sol aberto, como instrumento protetor do equilíbrio e de maior beleza para os movimentos. Presta-se admiravelmente à estilização e pode ser ensinado facilmente a bailarinos profissionais, o que não acontece com as outras danças brasileiras, como o samba do morro, por exemplo, em virtude de possuir passos definidos e ritmo bem marcado. Para se dançar o frevo exige o bailarino precisa de um bom preparo físico, coordenação motora, alongamento e muita alegria.
    O samba do morro é derivado do batuque, proveniente de Angola ou Congo. Samba é uma palavra africana para a umbigada. Seus passistas executam um entremeado de pés, em rapidez e agilidade impressionantes. Baseia-se num sapateado em 4 tempos, porém não segue simplesmente o compasso da música, sua variação rítmica é extraordinária, usando contratempos, síncopes, ritmos múltiplos ou alterados. È uma dança que está no sangue e a cadência jamais foi completamente ensinada. Depende mais de gestos característicos e instintivos, do que de passos propriamente ditos. Nisto, muito se aproxima da dança flamenca, igualmente sem leis nem regras, totalmente improvisada e inconsciente. Existem dançarinos, especialmente homens, com tal destreza, que são dignos de admiração mesmo se comparados a bailarinos de alto treinamento profissional em outros tipos de dança. Samba é a marca brasileira.
    Nos dias de hoje, o ritmo brasileiro e suas danças foram invadidas pela globalização.
    O samba canção, derivado da influência americana do rock já nos meados do século XX (1950) encontra terreno fértil junto à juventude brasileira fazendo crescer já nos anos 60, as baladas chamadas “Jovem Guarda”, “Clube do Rock”, “Alô Brotos”, etc. Desde então o ritmo voltado à renovação melódica brasileira foi denominada bossa nova, com o intuito de modificar as estruturas tradicionais do samba e aproveitar alguns ritmos jazzísticos oriundos dos Estados Unidos, mas com influências melódicas européias.
    Na década de 50 ainda, também iniciava a influência do rock no Brasil, com o aparecimento de várias versões de grandes sucessos regravados em português por grandes cantores brasileiros, tornando-se febre nos embalos de “Ritmos para a Juventude” da Rádio Nacional, “Crush e Hi-Fi” da Rede Record, “Clube do Rock” – Rádio Tupi, “Alô Brotos” – TV Tupi e ainda o grande estouro da “Jovem Guarda” – Rede Record, já com uma influência dos Beatles e o estilo iê-iê-iê.
    No final dos anos 60 surge então a tropicália, ao unir o popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional. Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o tropicalismo misturou rock, bossa nova, samba, rumba, bolero e baião.
    Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que permaneciam no País. Pop x Manifestações Populares. Alta cultura x cultura de massas. Tradição x vanguarda. Essa ruptura estratégica aprofundou o contato com formas populares ao mesmo tempo em que assumiu atitudes experimentais para a época.
    Irreverente, a tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política, mas também à moral e ao comportamento,
ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.
    Por volta dos anos 70, descobre-se nas festas do norte brasileiro, grande influência danças folclóricas jamaicanas, mais conhecidas como: o ska e o calipso. No estado do Maranhão, principalmente na capital São Luís, é comum a organização de festas ao som de reggae. Esse ritmo trouxe para o Brasil o jeito dançante e suave de se expressar, com a presença da guitarra, contrabaixo e bateria e letras que retratam questões sociais.
    Nos anos 70, a música brasileira sofre grande influência caribenha, com tempero cubano identificado nos bailes festivos da sociedade. O mambo, rumba, bomba, merengue, adentra nossa música influenciando a criação dos ritmos rap e techno. Na rumba o som das maracas faz do ritmo frenético dos ombros uma marcação sincronizada com quadris e passos cruzados de grande alegria. É uma dança cubana em compasso binário e ritmo complexo que influenciou e foi incorporado ao Flamenco. A rumba caracteriza-se por um estilo mais suave e descontraído, de certa forma alegre, e de caráter menos misterioso do que os outros palos flamencos, como seriam o caso da buleria, por exemplo. Em termos da melodia, a escala menor harmônica não é tão utilizada quanto nos outros palos, sendo que geralmente uma escala diatônica predomina e interage em breves momentos com a menor harmônica em suas notas ciganas (o que de certo modo ajuda a manter as características do flamenco nesse estilo diferente).
    Nos anos 80, os grupos de sucesso de músicas ciganas trazem para o cenário brasileiro um ritmo romântico, sofrido e empolgante, estilo esse denominado flamenco, mas que tem raízes mais profundas na cultura musical mourisca, influência de árabes e judeus. A cultura do flamenco é associada principalmente à Andaluzia na Espanha, e tornou-se um dos ícones da música espanhola e até mesmo da cultura espanhola em geral. No Brasil a influência se dissipou pelas academias de dança, grupos profissionais e bailes juvenis com uma dança empolgante e alegre trouxeram a música brasileira um sabor mais descontraído, elegante, muito sensual e misterioso.
    Nos anos 90, com a abertura política dos países árabes e uma maior troca de informações culturais nos deparamos com as danças e músicas orientais, da Índia, Irã, Turquia ricas em movimentos de braços, cabelos, ombros e o acompanhamento de gaita-de-foles e pandeiros. Na música brasileira encontrou grande berço para dançarinas que possuem grande mobilidade de quadris e beleza natural. A dança do ventre difundida pelas novelas e filmes pelo mundo da TV brasileira trouxe junto às famílias mais cultura sobre a Índia e o oriente e as danças dessas regiões, aguçando a curiosidade das crianças e adolescentes em aprender a dançar o dundar da Turquia, danças egípcias, dança do ventre e danças indianas como o Bharatanatyam
    Cultura segundo a pedagogia, ou erudição é, como dizia paradoxalmente alguns estudiosos:
“...é o que resta depois de se ter esquecido o que se aprendeu.”
    ou melhor, é o conhecimento amadurecido dos princípios gerais de bom número de disciplinas. Essa cultura geral ou filosófica pode tornar-se enciclopédica quando abrange o saber humano de certa época. Essa cultura enciclopédica, com o progresso e aumento das especialidades, vão-se tornando cada vez mais raras. Os homens verdadeiramente cultos formam sempre pequena minoria. Adquire-se cultura pelo estudo, pela observação e com o próprio passar dos anos. Há nas democracias, a justa preocupação de elevar o nível cultural das massas populares, dando-lhes ensejo de, por diversos modos, adquirir conhecimentos, em escolas de diversos graus, nas universidades populares, em cursos pelo rádio e cinema educativo e por todos os outros meios de difusão cultural. Alguns desses recursos podem ser utilizados não apenas na difusão cultural, dentro dos centros urbanos, mas também nos meios rurais. Por isso o grande interesse hoje demonstrado por estudiosos pelas culturas tradicionais, que vão de encontro a esses paradigmas de acúmulo de conhecimento universitário ou técnico para um conhecimento mais humano e pessoal. Prova essa que a cultura popular se perpetua pela passagem de conhecimento entre pais e filhos, conhecimento esse que se transfere através da convivência, observação e prática. Não é um tipo de cultura que se pode esquecer, pois não se trata de aprendizagem teórica e sim uma prática cultural.
    A dança no Brasil passa de arte de movimentos plásticos e rítmicos do corpo, expressa muita emoção e idéias de um povo místico, miscigenado e sofrido. Demonstra o poder das raças e da harmonia de instrumentos, cantos e cores. Revela uma alma cheia de sonhos, sensualidade e poesia que combina com a riqueza de nossas tradições e influências trazidas do mundo inteiro.
Referências bibliográficas:
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  • ANDRADE, M. Danças Dramáticas do Brasil, Livraria Martins Editora, São Paulo – SP
  • CANDIDO, A. Parceiros do Rio Bonito, Ed. 34, 1989.
  • CASCUDO, L. C. Dicionário do Folclore Brasileiro, Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro – RJ, 1954
  • CORTES J. C. P. & Lessa, L. C. B. Manual de Danças Gaúchas, Irmãos Vitale Editores, São Paulo, 1955
  • DA MATTA, R. Carnavais, Malandros e Heróis, Ed. Zahar, Rio de Janeiro-RJ, 1983.
  • Dicionário Enciclopédico Brasileiro, Editora Globo, Porto Alegre – RS, 1952
  • GOMES, Christianne Luce. Belo Horizonte, Autêntica, 2004.
  • MARTINS, S. A Dança de São Gonçalo. Edições Mantiqueira, Belo Horizonte, 1954
  • RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro, A Formação e o Sentido do Brasil, Companhia das letras, 2001.
  • RODRIGUES, W. W. Folclore Coreográfico do Brasil, Publicitan Editora, Rio de Janeiro – RJ
  • SOUZA, M. I. G. MELO, V. A. Dança (in) Dicionário Crítico do Lazer (ORG).

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